O impacto da desigualdade social e os entraves da pandemia para o acesso ao ensino superior por meio do enem

Desde 2020, a pandemia da Covid-19 tornou-se o maior desafio internacional do século XXI e provocou uma crise sanitária, social e multifatorial. O processo de adequação ao sistema das aulas remotas, por sua vez, revelou problemas sistêmicos de violação dos Direitos Humanos de muitos estudantes do ensino médio, em especial, dos jovens estudantes pobres e em situação de vulnerabilidade social das escolas públicas. O objetivo da pesquisa é analisar de que forma a desigualdade social e o ensino remoto na pandemia prejudicaram a preparação dos estudantes para o Enem, principal exame de ingresso às universidades no Brasil. A partir da análise teórica e de dados secundários, constatou-se que a desigualdade social e o ensino remoto na pandemia prejudicaram a preparação dos estudantes brasileiros para o Enem. O Brasil possui, em média, apenas 1 computador para cada 4 estudantes de 15 anos, e a falta de computadores custou, em média, 90 pontos a menos na prova de redação, diminuindo as chances de obter uma vaga nos programas de financiamento estudantil, como Sisu e Fies. Enquanto um a cada quatro estudantes ricos estão entre os 5% melhores candidatos do Enem, somente um a cada 600 pobres conseguem o mesmo.